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Informações • 31/03/2025

BATERIAS ESTRUTURAIS DE FIBRA DE CARBONO – “SEM PESO”

Avanço tecnológico da Suécia:  baterias de fibra de carbono, que não adicionam peso aos carros, aviões ou turbinas eólicas.

BATERIAS ESTRUTURAIS DE FIBRA DE CARBONO – “SEM PESO”


Avanço tecnológico da Suécia:  baterias de fibra de carbono, que não adicionam peso aos carros, aviões ou turbinas eólicas.

A fibra de carbono há muito é considerada um material “milagroso”. É tão leve quanto o plástico, mas tão forte quanto o aço. E já encontra amplas aplicações em áreas onde o

desempenho extremo é fundamental, da Fórmula 1 à indústria aeroespacial. E se, além das suas excepcionais propriedades mecânicas, a fibra de carbono também pudesse armazenar

e libertar energia como uma bateria?

Este é o desafio assumido por uma equipe de investigadores suecos da Chalmers University of Technology de Gotemburgo, que após anos de estudos conseguiram um empreendimento

sensacional. Qual? Transformando a fibra de carbono em um verdadeiro sistema de acumulação estrutural, capaz de ser integrado em componentes de suporte de carga sem

adicionar peso ou volume. Uma tecnologia potencialmente disruptiva, que hoje está pronta para dar o grande salto rumo ao mercado. Desde turbinas eólicas a carros elétricos,

passando pelas aeronaves do futuro, as aplicações possíveis parecem infinitas.


Uma tecnologia potencialmente disruptiva, que hoje

está pronta para dar o grande salto rumo ao mercado.

Desde turbinas eólicas a carros elétricos, passando

pelas aeronaves do futuro, as aplicações possíveis

parecem infinitas.

Vamos ver como funciona essa “bateria invisível” que promete reescrever as regras de armazenamento de energia.


DOS AVIÕES AOS CARROS, PASSANDO PELA ENERGIA EÓLICA


A ideia por trás das baterias estruturais de fibra de carbono é simples. Trata-se de explorar as propriedades intrínsecas deste material para armazenar energia, sem a necessidade de

adicionar componentes extras. Na prática, trata-se de transformar elementos estruturais já existentes, como a fuselagem de um avião ou o chassis de um automóvel, em verdadeiros

acumuladores integrados, eliminando assim a adição do peso e do volume das baterias tradicionais.

Um conceito que, se implementado em larga escala, poderá revolucionar setores industriais inteiros. Tomemos como exemplo a aviação, onde o peso sempre foi o inimigo número um. A

substituição de pesadas baterias de lítio por componentes estruturais poderia tornar as aeronaves drasticamente mais leves, aumentando sua autonomia e reduzindo o consumo.

Ou ainda, imagine os carros elétricos do futuro, com carrocerias de bateria capazes de garantir altas autonomias sem sacrificar espaço ou desempenho.

Mas isso não é tudo. Recentemente, os pesquisadores também começaram a explorar a aplicação desta tecnologia para setor eólico. A ideia é integrar baterias de fibra de carbono

diretamente nas pás dos geradores, transformando-as em gigantescos acumuladores capazes de armazenar o excesso de energia produzido nos horários de pico. Uma solução

que poderá ajudar a resolver um dos principais gargalos das energias renováveis, que é a descontinuidade da produção.

Em suma, as aplicações potenciais parecem verdadeiramente infinitas. E, a julgar pelas promessas da Sinonus, a startup sueca responsável pela comercialização desta tecnologia,

o momento de estreia no mercado pode estar mais próximo do que você imagina.


MAS COMO FUNCIONA A BATERIA DE FIBRA DE CARBONO?


Para compreender o princípio por trás das baterias de fibra de carbono, precisamos dar um pequeno passo atrás e nos aprofundar na estrutura microscópica deste material fascinante.

A fibra de carbono, de fato, é composta por filamentos muito finos de átomos de carbono alinhados numa configuração cristalina particular, o que confere ao material as suas

extraordinárias propriedades mecânicas.

+?

=

Bem, os pesquisadores da Universidade Chalmers descobriram que, “brincando” com a orientação e o tamanho desses cristais, também é possível modular as propriedades

eletroquímicas da fibra. Em particular, observaram que fibras com cristais pequenos e mal orientados são excelentes condutores elétricos, embora menos rígidas, enquanto fibras com

cristais maiores e mais ordenados são mais resistentes, mas menos “amigáveis ??à bateria”. Encontrar o equilíbrio certo entre estes parâmetros foi a chave para transformar a fibra de

carbono num verdadeiro material “híbrido”. Um material capaz de oferecer ao mesmo tempo desempenho estrutural e capacidade de acumulação de energia. Um resultado que, embora

possa parecer óbvio, exigiu anos de investigação e experimentação.

...o ponto forte das baterias estruturais não é tanto a

eficiência energética em si, mas sim a possibilidade de

“esconder” o armazenamento em componentes já

existentes, poupando peso e volume ao nível do

sistema.

Hoje, a equipe liderada pelo professor Leif Asp, uma das maiores autoridades mundiais no assunto, conseguiu produzir uma  bateria de fibra de carbono com densidade de energia de

24 Wh/kg, aproximadamente 20% em comparação com as melhores  baterias de lítio. E as perspectivas para o futuro são ainda mais animadoras: segundo estimativas da

ASP, otimizando ainda mais o design e os materiais, podem ser alcançadas densidades de 75 Wh/kg, com uma rigidez comparável à do alumínio.


Do primeiro estudo realizado, nasceu uma startup, a Sinonus. Ela é responsável pelo desenvolvimento das baterias estruturais de fibra de carbono.

É claro que ainda estamos longe do desempenho das baterias tradicionais. Mas o ponto forte das baterias estruturais não é tanto a eficiência energética em si, mas sim a

possibilidade de “esconder” o armazenamento em componentes já existentes, poupando peso e volume ao nível do sistema. Uma vantagem que, em grande escala, poderá fazer a

diferença em termos de custos, dimensões e autonomia.

Sem falar nos benefícios em termos de segurança. Segundo os pesquisadores, de fato, a menor densidade energética e a ausência de substâncias voláteis tornariam as baterias de

fibra de carbono intrinsecamente mais seguras do que os acumuladores tradicionais. Um aspecto não negligenciável, principalmente em aplicações críticas como a aeronáutica.


O DESAFIO DA PRODUÇÃO EM LARGA ESCALA


Quanto tempo demorará até vermos as primeiras aplicações práticas de uma bateria de fibra de carbono? O principal obstáculo diz respeito à produção em grande escala. Na verdade,

para ser verdadeiramente competitiva, esta tecnologia terá de sair dos laboratórios e enfrentar as duras leis do mercado, demonstrando que pode ser produzida de forma

economicamente sustentável. Vai ter que ter o preço certo, e o preço é o único obstáculo sério que se vê no momento.

Chegar lá exigirá repensar as atuais cadeias de produção. A fibra de carbono, na verdade, é hoje um material de nicho, usado principalmente em aplicações de ponta, como aeroespacial

ou automobilismo. Para torná-lo acessível para aplicações em massa, será necessário um esforço significativo de otimização e redução de custos. Um desafio que, no entanto, não

parece assustar a Sinonus, que se diz preparada para enfrentar o mercado com um plano ambicioso e bem definido.


SE TIVEREM SUCESSO, SERÁ UM AVANÇO INCRÍVEL


Será uma revolução feita de turbinas eólicas que se transformam em acumuladores, de aviões ultraleves com fuselagens “energéticas”, de carros elétricos com carrocerias que

também funcionam como baterias. Como disse Arthur C. Clarke, “a ficção científica de hoje é a realidade de amanhã”.

Uma realidade feita de energia limpa, integrada e “invisível”, capaz de alimentar o nosso futuro sem o comprometer. Um dia, ao observarmos um carro elétrico zunindo

silenciosamente pela rua ou um avião voando pelos céus, poderemos dizer a nós mesmos: “você já imaginou que eles seriam capazes de transformar a carroceria e a cabine em uma

bateria”?

E será apenas o começo.


Fonte: Gianluca Riccio, diretora criativa da Melancia adv, redatora e jornalista. Faz parte do Instituto Italiano para o Futuro, World Future Society e H+. Desde 2006 dirige Futuroprossimo.it, o recurso italiano de Futurologia.